quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

"Meninas-monstro" também amam...

He was a boy
She was a girl
Can I make it anymore obvious?

CAPITULO 1 - Indiferença

Eles cresceram no mesmo bairro e se conheciam de vista, mas não se falavam.

No ginásio, ela entrou pra escola onde ele estudava.
A indiferença mútua não durou muito tempo...

Ela era o patinho feio se transformando em cisne.
Segura em suas qualidades e intelecto. Talvez graças ao tratamento familiar e aos elogios que costumava receber por se destacar entre as garotas da sua idade e possuir um talento musical (ela cantava) que não se vê em qualquer esquina.

Ele era filho único e mimado (claro!). Muito inteligente e seguro de si também. Bonito, pegava todas as menininhas da cidade. Ok... todas não. Só as que ele queria. Podia escolher. Rodeado de amigos, naquele estilo dos "populares em high school" bem como os filmes e seriados americanos costumam mostrar.

Pois bem... estudando na mesma escola, ela ouvia falar muito dele. Suas amigas o achavam o máximo, ficavam comentando que era um dos mais bonitos e tal...
Ela, blasé, se surpreendia: Vcs estão falando daquele garoto? Eca... Ele é gordinho!!! Eu conheço... a avó dele mora perto da minha casa. Ele vive por lá!
Convicta de suas opiniões, ela pouco se importava com a tal popularidade do guri e não pretendia nem imaginava se aproximar dele.
E ele também estava muito bem em seu mundinho sem ela, obrigada.

Acontece que ela mantinha laços com um tio dele... especialmente a esposa do tio. O casal freqüentava a mesma Igreja da família da guria, no bairro mesmo (onde desenvolveu seu talento musical).
Esse tio dele era membro do grupo musical oficial da Igreja. A guria era solista independente.

Ele, o guri, começou a tocar violão e ela nem sabia.
Por esse motivo, ele acabou indo parar na tal Igreja do bairro e fazendo parte do grupo musical com o tio.

Durante os cultos, as pessoas comentavam com ela que ele a olhava demais. Mas ela não dava muita atenção, e quando ía conferir, ele desviava o olhar.

Eles se viam na escola e na Igreja agora. Mas sem trocar uma palavra.


CAPÍTULO 2 - A aproximação

Uma noite, sabe lá Deus o porquê, ela sonhou com ele. No sonho, o guri a abordava na escola, do nada... dizia algo bonito e a beijava naturalmente como se fossem namorados. A guria acordou assustada numa manhã de sábado, se perguntando porque sonharia com um guri que nem falava, nem achava bonito...
Mas o beijo do sonho começou a martelar demais em seus pensamentos e provocar sensações que ela não entendia e/ou preferia não acreditar.

Depois do sonho, eles se viram na casa dos parentes dele. Essa parte da família dele conhecia a família por causa da Igreja e tinham amizade, apesar de os dois nunca terem se aproximado.
Era aniversário de alguém e os dois estavam no pequeno evento familiar.
Foi um dia de culto na Igreja também. A guria foi à Igreja e depois ao aniversário.
Chegando lá, ele estava. Lembrando do sonho, o coração dela disparou e ela detestou (justo ele?!).
Esse lance do coração disparar virou regra quando ela o via onde quer que fosse, não interessando a distância entre os dois. Bastava que ela o reconhecesse na rua.
Nesse dia, do aniversário, ele puxou assunto com ela pela primeira vez. Ele perguntou se o grupo musical comentou a falta dele e do tio... ela respondeu.
Ele puxou mais algum assunto e a partir daí eles não pararam mais de conversar quando se viam.
Na escola nem tanto porque, ela era meio turista... Os professores achavam até que era algo pessoal, porque apesar disso, ela era boa aluna e tirava boas notas.

O tio dele a convidou pra fazer parte do grupo musical e ela aceitou. Depois ela descobriu que o tio torcia pra ela namorar o guri.

A desculpa começou a ser "música". Era esse, basicamente, o papo dos dois agora.
Novas músicas, ensaios e etc...
Na escola, na Igreja... nos intervalos ou horários de saída, eles paravam nem que fosse apenas por 10 minutinhos pra conversar.
Ele jogava charme... fazia comentários das roupas dela, que era muito vaidosa e adorava usar preto (uma "goticazinha" em potencial? rs).
Ela preferia levar tudo na brincadeira. Sabia que ele era "pegador" e seu coração batia forte demais quando ele estava por perto. Ela se recusava a ser apenas mais uma na lista. Estava determinada a esperar o dia em que ELE tomasse a iniciativa de fato.

Ele levou um amigo da escola pra fazer música com eles na Igreja também. Ela também conhecia esse outro guri de vista e de ver tocar guitarra em outras igrejas. Eles já tinham se falado algumas vezes porque ele era bastante simpático. Ele também era a sensação na escola, mas ela não via graça nenhuma, pra variar, né?
Ah... detalhe, os dois guris eram atletas... o que ajudava a aumentar a visibilidade e popularidade dos dois. Como eu já disse, exatamente como nos filmes e seriados americanos.
A guria, blasé, cagava pra essas coisas... só se aproximou deles por causa da música mesmo.
Apesar do sonho e do coração bater-forte pelo primeiro dos guris citados, ela jamais tomaria a iniciativa de sequer tentar uma amizade com ele.

O tempo foi passando e nenhum grande avanço além do que já foi relatado.

No meio disso tudo, ele terminou o ginásio e foi pra outro colégio. Ela ainda estudava no mesmo lugar, cursando o último ano. Mas os dois não perderam contato por causa da Igreja e do esporte que ele continuava a praticar pela antiga escola.
No início ela não sabia. Mas descobriu quando saiu de uma aula, mais precisamente de Matemática, pra dar uma volta e o viu treinando na quadra.
Perspicaz como era, percebeu que ele a seguiu com o olhar e passou a fazer isso toda segunda-feira no mesmo horário.

Certa vez, ela ouviu falar que ele estava afim de uma menina que estudava no novo colégio. Ela não acreditou! Como assim? Eu aqui o tempo todo e ele vai tomar a iniciativa com outra? Ficou arrasada!!!! Foi uma das primeiras vezes que chorou por causa dele. E ele nem imaginava.


CAPÍTULO 3 - O primeiro beijo

Um dia, um grande evento no Maracanã...
O pai dela estava organizando uma caravana na Igreja.
Ela não decidiu se ía até o último minuto.
O guri comentou que queria ir, mas que talvez a mãe não deixasse (filho único, pais separados poucos anos antes).
Ela com seu pai, o organizador, que não era de dizer não e muito menos se estressar com qualquer coisa e resolveu pedir à mãe do guri que o deixasse ir. Os amigos dele íam ao evento também.

Eles foram juntos no ônibus, mas não trocaram muitas palavras.
Chegando no Maraca, ela acabou ficando no meio da turminha dele, onde estava também o guitarrista amigo dos dois. Procuraram lugar na arquibancada, mas acabaram parando no gramado.
Na turma de amigos, além dele e dela, tinha outros três guris e três gurias. AS TRÊS queriam ficar com ele.

Sol de 40°, uma espera de algumas horas e finalmente o show começa.
As músicas eram as que eles costumavam tocar na Igreja. As que não tocavam, ela conhecia também, porque tinha mais tempo de convivência no meio do que ele. Ela conhecia todas as atrações e explicava pra ele o que ele não tinha ouvido ainda.

Algumas músicas depois do início do show, ele resolveu passar os braços por cima dos ombros dela e deitar a cabeça no ombro da guria... finalmente um beijo... iniciativa calada dele.

Eles ficaram durante o evento... ela muito comedida, ele mais incisivo. O resultado não pareceu ser muito satisfatório. Ela era certinha demais pra ele.
Uma das gurias começou a chorar... nossa protagonista sabia que se tratava de uma das vítimas dele. Mas nada podia fazer. Sentiu pena por ver a outra guria tão vulnerável assim na frente de todo mundo. Ao mesmo tempo se certificou de que ele realmente era galinha... não descartava a tal guria.


CAPÍTULO 4 - Indiferença?

Chegando perto do fim do evento, ele foi frio com ela. Era como se nada tivesse acontecido e não era ela que ía dizer algo, lembra? Mesmo com todo o incômodo do mundo, ela se conteve.
Voltaram juntos no ônibus também. Dessa vez, a única conversa que tiveram foi quando ele comprou uma lata de coca-cola e ofereceu a ela, que recusou.
À essa altura, as outras gurias da Igreja, que não eram amigas dela (pois ela não tinha paciência pra pessoas da mesma idade), já estavam desconfiadas do fato e tentaram absorver algo sem sucesso, já que os dois não deram a menor pista de nada.

Essa foi a segunda vez que ela chorou por ele. Se sentiu apenas mais uma na lista, mas prometeu a si mesma que faria a diferença porque jamais falaria nada com ele sobre isso, nem choraria na frente dele como a outra guria.

O amigo guitarrista apareceu na escola e "botou pilha", ficou dizendo que ela e o guri eram namorados e tal...
Por lá todos já pareciam saber do fato.
As colegas mais próximas dela não acreditavam que ela tinha ficado com ele, já que era tão blasé.

Uma colega de turma, não tão próxima, mas que declarava seu amor dela pelo guri em evidência aos quatro cantos (antes a paixão dela era o guitarrista simpático, mas sem sucesso, a tal guria mudou o alvo e conseguiu um contato infinitamente mais próximo com nosso protagonista), começou a demonstrar ciúmes.
Reclamava com ela: não quero você de papinho com ele não!
Mas ela nada respondia e disfarçava seu interesse. Não queria disputar ninguém. Muito menos se estressar com uma desclassificada daquelas! (...)

A amizade entre os dois seguiu intacta e restrita aos assuntos musicais como sempre.
Ela sequer comentava esses acontecimentos bizarros, tipo a especulação do que aconteceria com os dois depois que ficaram ou as ameaças da a galinha com quem estudava.


CAPÍTULO 5 - Desilusão

Ele trocou sua companheira de conversas, que passou a ser a guria do colégio novo - pra azar da nossa protagonista, a tal guria começou a freqüentar a Igreja também.
Terceira vez que ela chorou por ele. E aí já se tornou um vício.
Repito: ele sequer desconfiava disso.

Um belo/ maldito dia, chegou aos ouvidos dela que ele pediu a tal guria em namoro.
Pronto! O mundo desabou pela primeira vez.
Choro de uma semana...
O namoro era fato. O choro se tornou cada vez mais freqüente.
Ele ía aos ensaios com a namorada; ela chorava quando chegava em casa.
Sempre que os via juntos ou ouvia falar do namoro, ela chegava em casa e caía aos prantos.

Ela já sabia que o tio dele torcia por ela. Toda vez que ele brigava com a namorada e o tio sabia, ela era avisada, tipo: pode ser a sua chance. Mas isso nunca mudou nada. Ela continuava na dela.
Ele sempre jogou charme, apesar de estar namorando. E ela continuava levando na brincadeira, do mesmo modo como lá no princípio.

Numa das vezes que ele terminou com a namorada, inventou um ensaio na casa dele pra ensina-la uma música em inglês. Ele fazia curso e se prontificou a ajuda-la. Ela aceitou muito animada. Estar perto dele era um sonho.
Chegando lá, ele quis seduzi-la, mas ela resistiu ao máximo. Ela estava namorando um outro guri (na realidade pra tentar esquece-lo) e era fiel apesar de não gostar do namorado.
Ela não disse muita coisa, mas tentou faze-lo entender que gostava dele, mas que mesmo assim, não trairia o namorado. Além disso, ela não sabia como ele estava com a namorada...

Conclusão: não houve traição.
Ela saiu de lá horrorizada! Estava totalmente confusa. Sofria pela abordagem dele, de cafajeste.
Ao mesmo tempo se sentia aliviada por não ter caído naquela conversa, não seria mais uma.

Essa situação foi decisiva pra ela terminar o namoro. Não era certo ficar com uma pessoa pra tentar esquecer outra, era impossível.

A namorada do protagonista sentia ciúmes dela, que já tinha percebido isso, mas nunca se aproveitou da situação.
A tal namorada se aproximou dela, na tentativa de inibir qualquer aproximação maior entre os dois. Desnecessário.

O namoro acabou. Aliás, os namoros acabaram. Nosso protagonistas estavam solteiros outra vez e ainda próximos pela música.

Ele tentou seduzi-la outra vez, mas ela já estava preparada e fugiu o mais rápido possível.
Não queria que ele pensasse que ela poderia cair na conversa. Não deixou nem que ele começasse.
Mas ela não sabia que dessa vez, as intenções dele não era só brincar...

Certa vez, ela foi cantar num evento da diretoria da Igreja, num hotel em Copacabana.
Uma mulher que nunca viu na vida, pediu pra falar com ela a sós e fez uma profecia onde a guria devia esperar; seus problemas sentimentais seriam resolvidos.
Ela pensou logo nele! (Até parece que não pensava toda hora, né? rs)


CAPÍTULO 6 - A distância

A avó dele morreu.
Ela foi ao velório e ao enterro, mas não chegou perto dele porque sabia que não tinha o que dizer numa situação dessas.
A ex dele também foi e ficou agarrada nele o tempo inteiro.

Esse episódio na vida dele o sacudiu e ele perdeu um pouco da fé.
Ele saiu da Igreja, largou a música e os dois acabaram perdendo o contato.
Ela terminou o ginásio e mudou de escola, mas não foi pro colégio onde ele estudava.
Ela não quis ir pra lá, já sofria demais com o contato que tinham na Igreja.
Mas agora, sem ele ir à Igreja, o contato se reduziu a zero.

Ela acabou saindo da Igreja também. Bateu desânimo, teve problemas familiares...

Ficaram +ou- um ano sem se ver.

CAPÍTULO 7 - O primeiro reencontro

O tio dele (que também saiu da Igreja) bateu no portão dela: Estamos querendo montar banda outra vez? Quer participar? Vamos ensaiar na casa do meu sobrinho (ele!). Ela aceitou na hora!
O tio perguntou: Vc está namorando? Ela respondeu: Sim.

Puxa! Um ano sem contato e ressurge uma faísca quando ela pensou que poderia te-lo esquecido!
O namorado era carinhoso, agradável, inteligente, bonito... Mas nada disso parecia bastar.
Quando o tio falou que o ensaio seria na casa DELE, o coração dela gelou.
Droga! Ainda gosto dele!
Mais um namoro acabaria.

Voltaram a ensaiar.
No primeiro dia, os sentimentos dela já se mostravam um fardo outra vez.
Ele estava no portão com outra. Ela viu de longe, mas torceu pra ser o outro guitarrista simpático - eles usavam cabelos parecidos.
Mas não, chegou perto e viu que era ele.
Por algum motivo ele se mostrou incomodado quando ela chegou.
Ela entrou, já estavam todos esperando. Ela sempre se atrasava... rs
Ele entrou depois. Ela já estava com vontade de chorar, como sempre. Mas esperou até chegar em casa.

Nos ensaios seguintes, a guria do portão já tinha se transformado em namorada dele.
Nossa protagonista tentava ser simpática, puxar assunto com a namorada, coisa que não costumava fazer.
Mas a namorada não correspondia. Parecia pressentir o que acontecia.
Ela acabou desistindo de ser solícita com a namorada dele. Passou a ignorar a existência do ser ciumento que ali habitava.
E continuava chorando ao chegar em casa.

Os protagonistas trocaram MSN. Mas nunca se falavam por lá.

Ele entrou no pré-vestibular. Os ensaios não puderam continuar.
Mais uma vez, contato zero!

Mais de um ano depois, ele puxou assunto no MSN, coisa que só tinha acontecido uma ou duas vezes até então.
Ela o via on, mas também não falava nada. Ou seja, devia ser a terceira vez que eles se falavam depois de tanto tempo, e apenas por MSN.
Ele falou que queria mostra-la cantando pro pai dele, que estava empresariando um cantor sertanejo.
Indicou uma música pra ela ouvir e aprender... Cantaria com o tal sertanejo*.
À essa altura, apesar de não ter feito curso, ela já cantava em inglês e sem as aulas mal-intencionadas dele.
*Sertanejos adoram duetos português/inglês...

Durante a conversa na internet, ele se mostrou interessado... perguntou se ela estava namorando, insinuou se sentir atraído por ela e disse que o relacionamento com a ciumenta estava quase terminando. Ela tentou aconselha-lo a não terminar, mesmo que por dentro desejasse o contrário, e foi o mais fria possível.

O contato zerou nessa conversa e só alguns meses depois voltaram a se ver.

CAPÍTULO 8 - O segundo reencontro

Numa tarde de sábado, ela estava trancada no quarto, mais precisamente navegando na internet (os amigos de colégio viviam falando que ela só malhava os dedos... que vivia numa redoma e etc... o fato de ela ser caseira e viciada em internet era piada apesar da popularidade dela na turma).

Bem... estava ela em seu quarto quando sua irmã entra e avisa que os amigos guitarristas estavam chamando no portão. Seu coração gelou!
Eles aqui? Depois de tanto tempo...?!
Ela foi correndo atende-los.
Era ele e o guitarrista simpático, como sempre. Os dois estavam muito empolgados.
Eles a convidaram pra ensaiar numa banda onde ELES dois haviam sido convidados pra tocar.
Parecia haver uma espécie de pacto não declarado: onde um tocasse, os outros dois estariam também.

Ela aceitou e foi ensaiar com eles no dia seguinte.

Ele, complicado como sempre, se estressou por algum motivo e a participação dos três na tal banda terminou neste único ensaio.

Eles resolveram montar sua própria banda e chegaram a ensaiar algumas vezes, mas não deu certo. Onde moravam, era muito difícil encontrar um músico bom e normal (digo, equilibrado).

Nesse contexto, estava a namorada ciumenta.
Ele jogava charme pra protagonista ainda, e a namorada percebia.
De vez em quando rolavam algumas cenas de ciúme da namorada dele. Mas nossa blasézinha, permanecia discreta.
O único elo que os unia era a música.
O choro foi diminuindo. Ela parecia se conformar com a situação de nunca ter nada com ele.

Mas os ciúmes da namorada dele acabaram afetando a amizade dos dois e por pouco não foi fatal.

Um dia, a namorada entrou no MSN dele se passando pelo próprio e deu uns foras na protagonista, do nada. Ela logo percebeu e conversou numa boa com a ciumenta. Tentou tranquiliza-la... Eles jamais ficariam juntos.

A guria se convenceu e tudo pareceu ficar em paz.

O pai dele resolveu montar uma banda pro cantor sertanejo.
Ele, o filho, organizaria tudo e arrumaria os músicos.
Ela não tocava nenhum instrumento, então estaria fora, certo? Errado!
Lembra do pacto silencioso? Ele arrumou um jeito... ela seria backing vocal.
E assim, ela foi apresentada ao cantor sertanejo que não gostou do desempenho dela no começo - ela era muito tímida, mas acabou tendo que aceita-la na banda.

Ele, nosso guri, começou a se mostrar mais insinuante... interessado.
Disse que tinha terminado o namoro e começou a se fazer notar outra vez.
Ela, que nunca o esqueceu, voltou a estremecer.

Numa tarde de domingo, quase aconteceu um beijo, ele confessou depois.
Ela percebeu apenas que ele estava interessado, hipnotizado, na verdade. E não queria sair dali.
Os dois não queriam.
Mas ela tinha comprado o ingresso mais caro pro show da sua banda preferida. Não podia faltar!

Marcaram um ensaio num feriado, uma terça-feira de janeiro.
Ela nem se embelezou muito não... era apenas um ensaio e fazia um calor infernal!
Ele armou pra ela chegar mais cedo lá: mudou o horário do ensaio e não avisou.
Eles se encontraram na esquina da casa dela e ficaram conversando... Especularam como seria se ficassem juntos e tal...
Ele provocava tudo... conduzia a conversa.

Chamou pra irem à casa dele, onde seria o ensaio, porque o guitarrista simpático estaria chegando por lá.
Ela foi. A mãe dele não estava em casa e ele só falou isso ao chegarem no local.
Ela ficou furiosa, mas era firme o suficiente pra saber que isso não significaria grandes diferenças. Seria apenas a terceira vez que ele tentaria seduzi-la e ela já sabia lidar com isso.


Ele ofereceu sorvete (sabor napolitano), falou da facul que tinha acabado de começar e a conversa fluía...
Num dado momento, ele aproveitou pra perguntar: Se eu te beijasse, você ía me bater?
Ela respondeu: CLARO!
Ele: Por quê?
Ela: Porque eu não te dei permissão pra isso. Vc levaria um bom tapa no rosto.

Discutiram por alguns minutos como isso aconteceria e acabaram entrando num acordo:
Ela o deixaria beijar, e depois ele se permitiria levar um tapa.
Eles se beijaram... foi perfeito pra ela, que percebeu sentir o mesmo frio na barriga e no peito, desde sempre. Seu coração continou a disparar, sinalizando que o que ela sentia não era uma paixãozinha passageira, mas um sentimento sem fim.
Já haviam se passado quase 5 anos desde o sonho, mas o sentimento não morreu. Apenas abrandou-se em certos momentos de distância por motivos óbvios.

Para não perder a credibilidade, ela cumpriu a promessa. E como ele deu uma de esperto tentando se defender, levou três tapas.


THE END.

Essa obra deu origem ao título "Quando o conto-de-fadas vira um pesadelo".

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

2009 motivos para ser EMO.

Olá, amiguinhos.

Sumi outra vez porque aconteceu outra coisa ruim.

É isso mesmo, queridos! As coisas sempre podem ficar piores.
A Lei de Murphy é fato!!!


Além da correria habitual e da falta de tempo (não só por causa do estágio e da facul, mas principalmente por morar num sertão "tão-tão distante" e demorar horas viajando pra ir e vir todos os dias), mais uma vez eu me ferrei.
Quer dizer, nesse caso, mais o meu pai, né?

Segunda-feira, 09 de fevereiro - Após um dia de trabalho (estágio), estava eu assistindo minha aula de telejornalismo por volta das 20:00h quando me bateu uma fominha e fui comprar algo.
O que tem de anormal nisso? Nada. Mas lá pelas 20:30h quando professor resolveu encerrar a aula e eu estava saboreando meu suco de laranja, aconteceu o primeiro (eu acho) acidente da noite (
5ª sinfonia de Beethoven): eis que derrubo todo o líquido amarelado em mim mesma. (Pelo menos eu tinha desistido de usar calça branca naquele dia e o desastre foi menor num jeans escuro).
Mal-humorada, saí da sala e tentei me limpar/secar e esperar meus amiguinhos (Diedro e Jennie) que costumam pegar o metrô comigo (eles tb moram num "reino tão-tão distante" - mas não o meu).

Levei uns 20 minutos pra sair da UERJ.

Algumas horas depois, quando cheguei no meu sertão, não fui direto pra casa. Passei na casa do Jéssico. Uns amigos estavam lá também, ficamos conversando e tal...

Meu celular tocou, era a minha irmã. Estranho, mas não me assustei. Exceto quando ela insistiu na chamada a cobrar. Peguei o celular de um amigo e liguei de volta. Ela nem me anestesiou, saiu falando: "Jésica, nosso pai tá no Rocha Faria!" (hospital público aqui de CG, leia-se açogueiro).
O desespero me invadiu, pois temos plano de saúde. Logo, se ele tava lá ,ou passou mal na rua ou estava envolvido em algum acidente. Era a segunda opção. Continuei a conversa quase chorando (só de relatar, sinto a angústia outra vez), mas ela não soube me informar nada. Os bombeiros tinham acabado de ligar lá pra casa mandando minha mãe ir vê-lo no hospital.
Minha irmã estava na casa de uma amiga pra distrair a minha sobrinha (4 anos) que começou a chorar quando percebeu que minha mãe estava saindo de casa pra ver meu pai, mas sem poder ir junto.

Pense em alguém que é super gente fina, querido por todos e principalmente pelas filhas (e agora a neta tb): esse é o meu pai (meu "papito").

Os amigos que estavam na casa do Jéssico, e o próprio, viram meu desespero e começaram a tentar me ajudar com possíveis contatos no hospital e em outros hospitais pra onde eu poderia transferir o papito. Obviamente, antes de qualque coisa, essa era a prioridade.

Finalmente consegui falar com minha mãe, mas fiquei mais aflita pq ela não tinha conseguido entrar pra vê-lo. Quando finalmente deixaram, ela pôs ele no telefone pra falar comigo. Ele estava sentindo mtas dores, falava com dificuldade e só sabia dizer que me amava.
Fiquei mais calma ao saber que, apesar de não conseguia sentar por causa das dores, ele sentia as pernas.

Descobri que ele quebrou o braço e improvisaram algo para imobilizá-lo até pôr o gesso.
Mammy veio em casa buscar um travesseiro pq ele pediu (que estava na maca pura, sem lençol sem nada... no inox mesmo! - só descobri isso depois).
A minha preocupação eram as tais dores internas que ele tava sentindo, além do braço, claro.

Descobri também que ele seria operado. Pensei que era algo grave, pelas dores internas que ele estava sentindo na região abdominal, mas depois fui informada de que seria o braço.

Ops... não contei como foi o acidente, né?
Ele estava numa van que transporta passageiros. A capacidade era de 15 pessoas, mas haviam 21 (ou seja, 6 estavam em pé).
Meu pai era um desses que estava em pé.

O motorista corria muito e falava ao celular. Papito falou que ainda pensou: "que irresponsável, se acontece alguma coisa!". Não deu outra... o pneu (que estava mais careca que o John Locke de Lost) estourou e o motorista ficou ziguezagueando pela pista em plena Avenida Brasil.
Os passageiros entraram em pânico!
Depois disso o papito só lembra de um bando de curiosos em volta e os bombeiros pedindo que ele desse o braço pra tirarem ele da van porque ela viraria outra vez e tinha pessoas abaixo dele pra tirarem de lá.
(A van subiu o canteiro central e capotou, ou não necessariamente nessa mesma ordem, sei lá!).


Fui dormir às 4h da manhã e acordei às 6:30h (o dever de cada dia me chamava).

Minha irmã saiu antes de mim pra levar a chave centro de distribuição (Correios) onde ele trabalha e avisar do acidente. De lá, ela passaria no hospital.
Saí de casa para o estágio como todos os dias. Mas no caminho me deu uma coisa... todos o viram no hospital menos eu.
Minha mãe tinha ido dormir a hora que saí, e eu tava preocupada com a transferência dele.

Conclusão: fui para o hospital.

Saí entrando (sabia que ele estava na "sala vermelha"), consegui vê-lo, e fui expulsa pelos enfermeiros com a mesma facilidade com que entrei.
Liguei pro Jéssico, ele me aconselhou a agilizar o processo de transferência do papito e foi o que eu fiz.
Era burocrático demais, mas eu não sairia de lá até conseguir.
Fiquei em cima dos médicos, de quem fosse preciso pra tirar meu papito de lá!
Minha mãe chegou com meus avós... Fiquei feito uma doida correndo de um lado pro outro do hospital, usando os celus da minha mãe (o meu tinha descarregado)... E o Jéssico me ajudando por telefone...

Quando pensei que finalmente tava tudo resolvido, gastei todos os créditos da minha mãe, terminei de gastar o meu (pus o meu chip num dos celus dela), e consegui acabar com 40 unidades no orelhão, mas deu um rolo meu pai ainda tava lá. Acabou! A pior coisa que existe na vida é se sentir impotente.
Tive uma crise de choro, só o Jéssico podia me ajudar (e foi o que fez!) pq eu não tinha mais como entrar em contato com ninguém.

Chorei, chorei mto... com o Jéssico no telefone, com a minha mãe, com o povo do hospital que não sabia me explicar nada...

E meu pai lá esperando naquela maca gelada (agora sei pq ele tremia tanto).

Cheguei no hospital por volta das 8:40h da manhã. Já passava das 14h.

Mas logo (digo, logo depois do meu desespero, né?) a ambulância chegou e eu consegui levar o papito pra outro hospital.
O Jéssico terminou de resolver as coisas pra mim (inclusive ligou pro meu estágio), e foi ele quem arrumou a vaga no tal hospital.

Agora a segunda maratona começou: meu pai passou por todos os exames outra vez.
Mas a vida é uma caixinha de surpresas!
Outro susto: suspeita de derrame pleural. Falei só pra minha mãe e ficamos aguardando o resultado dos exames.
Graças a Deus não era nada!

Tiraram o gesso do braço do meu pai (não era nem pra ter posto, já que ele operaria). Ele estava com uma parte do osso triturada e precisaria fazer a cirurgia pra colocar uma prótese de titânio.

A operação deveria acontecer no dia seguinte.
Outro detalhe: meu papito estava sem comer há quase 24 horas. A enfermeira estava aguardando a prescrição médica pra levar comida.
Às 18h, finalmente, pude vir pra casa mais tranqüila.


Mas a vida, esta sim, é uma caixinha de surpresas...

Pro meu pai passar pela cirurgia, precisava esperar autorização do plano de saúde pra sei lá o quê.
Eu tive que voltar pra minha rotina, minha irmã começou a resolver essa parte e sofreu tanto quanto eu tinha sofrido no dia anterior.
Conclusão: mais um dia e nada!


Na quinta-feira o médico resolveu fazer a cirurgia e deixar a parte burocrática pra depois.

De fato era uma cirurgia simples, durou +ou- 2 horas e ele ficou consciente logo (td bem que ele não lembra de nada do que falou e muito menos de quem foi visitá-lo nessas primeiras horas do período pós-operatório).
Ficamos na expectativa... talvez ele viesse no dia seguinte pra casa.
Mas não veio.

Sexta-feira faltei uma prova na facul. Estava sem condições nenhuma de fazer, não tinha estudado nada... estava atordoada.

Sábado eu fui vê-lo (desde terça não pude voltar lá).
Ele ainda sentia dores, mas já se sentava e até andava (ainda com certa dificuldade).


Domingo eu passei mal o dia inteiro (febre e dores no corpo) e não pude ir lá.

Segunda, ainda passando mal, fui ao estágio. Pouco antes de sair de casa minha mãe (que passou a noite lá com ele) ligou avisando que o papito já tinha recebido alta.
Faltei a facul pra não chegar tão tarde e ficar um pouquinho com ele antes de dormir.


Hoje fez uma semana que ele tá em casa. Entediado, claro. Mas já anda pelo bairro e tal...
Está com o braço costurado em cima e embaixo (os parafusos são internos).
Ele ainda sente dores na costela, mas eu acredito não ser nada d+ (foi o que os médicos disseram).




Espero que minha cota de acidentes e afins esteja esgotada!

O início do ano não foi nada bom pra mim (passei a noite de cama com dengue, lembram???).
Não tenho nem mais unha no dedão do pé direito (vide post anterior).

A propósito está começando a crescer. Mas não tem nem 1 cm ainda. =P

Ok... banho de sal grosso e/ou sessão do descarrego são bem-vindos sim.

"E aí galera, tudo mais ou menos?"

Zeca Pimenteira veio me visitar e eu não sei. Huahuahua

domingo, 8 de fevereiro de 2009

Era uma vez uma unha...



Olá, amiguinhos.


O blog tava paradão, né? Não era o que eu queria.
Mas aconteceram muitas coisas entre polêmicas e intrigas...
Hum... ficou parecendo propaganda do BBB, né? Credo!!!
Deixa pra lá!

O que importa é que realmente as coisas se complicaram, além da minha intensa rotina diária.

Bem... eu pensei em muitos temas para posts futuros.
Só que não posso pôr em prática sem antes contar o acontecimento da semana (que inspirou o título).

Quarta-feira passada (04/02), estava eu indo para o meu estágio no confortável ônibus de ar condicionado e poltrona reclinável (com a desconfortável tarifa de R$ 7,00) quando, já na hora de descer (depois de mais de uma hora de viagem) sofri um acidente, ou melhor, "sofreram" pra mim.
Acontece que esses luxuosos ônibus não têm lugar pra segurar quando você tá em pé... fica uma coisa meio corda-bamba... a vulnerabilidade é grande. A única opção, não mto segura, é se segurar no bagageiro... e foi o que eu fiz. Modéstia à parte, pego esse ônibus há quase um ano e já tô treinada, acostumada com os balanços e arrancos mais bizarros. Portanto, não fosse o ser "quase idoso" e acima do peso em pé atrás de mim (na Uruguaiana sempre desce muita gente), o acidente não ocorreria.
Vamos aos fatos: o filho da #*%@ do motorista freou bruscamente (sabe lá Deus por que motivo) e o tal "quase-idoso-acima-do-peso" me atropelou... foi caindo por cima de mim. Eu, tentando não atropelar o ser gigante (mas não acima do peso) que tava na minha frente, fiz um movimento, aliás vários (com pernas e braços). Na hora, senti meu dedão do pé doer intensamente. Fui verificar o estado do meu pezinho quando percebi que eu estava já praticamente sem a unha... tava toda levantada já, afastada da carne. Fiquei muito nervosa, doida pra matar o idiota que caiu por cima de mim e/ou o motorista do ônibus. Mas já tava em cima da hora da minha entrada no estágio e resolvi não me estressar ainda mais. Fui andando, já mancando, pro meu local de trabalho.
Chegando lá, relatei o acontecido e o meu superior direto fez um curativo pra isolar o local, mas já me preparando pro que ocorreria depois: teria que arrancar a unha.
Fui dispensada pra caçar um médico e foi o que eu fiz. Ah... claro, a essa altura eu já tinha ligado pro meu pai e pro meu namorado relatando o acontecido.
Chegando na clínica aqui em CG (Big Field - sertão do RJ), fui atendida por um cirurgião que aplicou anestesia e arrancou minha unha. A anestesia doeu d+ e o médico disso que seria melhor ter arrancado direto, pq a dor seria menor. Mas ele nem ensaiou propor isso antes pq eu tava mto nervosa. Ele enfaixou o meu pé todo e disse que eu teria de ficar 48h com o pezinho pra cima. Entediante, né? Mas fazer o quê?
Depois de passado o efeito da anestesia, meu dedo voltou a doer biazarramente. Mas tomei o remédio que ele receitou pra controlar isso.
Sexta-feira voltei pra minha pesada rotina diária de estágio + facul. Ainda sentia umas fisgadas no dedo, mas nada comparado à "dor-mor".
Sábado, finalmente pude tirar toda aquela parafernália do meu pezinho e fazer curativo novo, ou melhor, mammy foi quem fez isso.
Hoje, já não manco mais e as dor é quase nula... (Parece até propaganda do "cogumelo do sol" ou bizarrices do gênero, né?).
Que ironia do destino! Eu quase sempre estou de sapatinho fechado (adoro as sapatilhas da Melissa). Mas na quarta-feira, com o calor danado que anda fazendo eu pensei: 'vou dar um descanso pros meus pés'. Acabou que quem ganhou descanso eterno foi a minha unha. =P

Por hoje é só.
Durante o tempo que fiquei sem postar aqui, eu já discuti e me reconciliei umas mil vezes com uma mesma pessoa ("o amor é feio!", já diziam os Tribalistas), já furei com meus amigos(as), fui numa choppada péssima (a organização que me perdoe, mas o DJ era uma merda e o lugar além de pequeno era um forno - uma sauna propriamente dita!), senti a dor do arrependimento, voltei a ensaiar com o Coral, fui "indelicada" com algumas pessoas, etc...


Ah... dou um prêmio pra quem acertar quantas vezes aparecem palavras com o radical "bizarr" neste post (e não vale voltar no texto pra contar... rs).